26 de mar. de 2009

Primeiro Amor


No meio de folhas rasgadas,
De cadernos abismados
E de várias cartas manchadas,
Á inocente idade dos oito anos
O descobri aí me sussurando,
Um mundo de pura felicidade e
Pela primeira vez me enamorei!

Os anos voaram, os 20 entraram,
No abismo de cada sua prosa,
O amor e saudade em dupla dosa,
Aos poucos foram me enfeitiçando
No escuro de cada sua alcova
Me chamando a sentir e a amar,
Me perdendo nessa sua imensidão
E na emoção contida do seu olhar

A rebeldia e ousadia aplacada,
Pela douçura de cada seu verso
No pleno deleito dessa vã loucura
Deslizando sob o leito que em mim
Ele soubes construír e almejar,
E no derrame do mais doce mel
Ecoando nas palavras deslizando
E acariciando cada pedaço de pele
Na mais insaciavel das sensações,
Semente da minha primeira paixão
Naquela prima Ode ao ardor e a dor,
Inspiração desse meu grande amor.

O tempo caminhou e o 30 chegou
Entre as síngelas noite de solidão,
O olhar perdido no indefinível mar,
Meu coração o procurou e o sonhou,
Vendo-o ali sentado ao meu lado
Escrevendo e recitando a sua poesia,
Eu docemente o olhando e amando,
Perdida na contemplação da magia
Vertendo da essência da sua presença;
O mundo desaparecia e o nós aparecia
No alento desse seu sopro cantando,
A perfeita harmonia entre voz e vento
Me levando nas asas da sofreguidão.

"Neruda, simplesmente e eternamente Neruda,
Será que aos 40 ainda vou te amar?"

Salomé
Series "Os Mestres"
Todos os direitos reservados ao Autor

Um comentário:

  1. Saem gotas doces dos meus olhos
    Porque secastes com teus beijos todo o sal
    E naturalmente chorando o gozo nesta noite fria
    Encosto meu rosto na tela e cheiro à distância
    Teu corpo revelado em perfil de alma desnuda!
    Aprendi a ti amar!
    Um gostoso beijo,Simplicidade!

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